O PROGRESSO DESABA EM RONDÔNIA

Essa noite minha mãe fez um convite para ir ao shopping assistir um filme. Obs.: Desprezo shoppings. É o verdadeiro “programa de índio” pra mim, ir a um local fechado, olhar vitrines, comida sabor de plástico, apinhado de gente. Me sinto um zumbi consumidor ali dentro, mesmo sem consumir, não vejo o propósito, prazer ou necessidade da coisa. Mesmo a 7 de setembro com toda a bagunça é melhor.
Eis que chegando próximo ao fantástico lugar, após trinta minutos de congestionamento, ouço um homem dizer que o teto do shopping desabou. Foi na praça de alimentação, e apesar de ter visto três ambulâncias, dois carros de bombeiros e algumas viaturas da polícia militar, as notícias são de que houve apenas 4 feridos.




Que alívio! O teto desabou, no entanto só 4 se feriram. Traz à lembrança a queda da passarela na Br 364, sentido Cuiabá, semana passada, quando apenas 1 faleceu. E de mais 1 funcionário que morreu por uma grande descarga elétrica sofrida no canteiro de outra passarela, sentido Rio Branco. São sempre pequenos números.
Desde que este Estado anunciou suas diretrizes de progresso, têm ocorrido manifestações efusivas de aprovação. É estarrecedor. Me chamem de retrógrada, mas prefiro meu porto sem shopping nem passarela, a ver pessoas (E NÃO NÚMEROS) morrendo a troco da ganância alheia, com essas obras que só servem pra desfilar aos olhares inocentes, vitrines de um governo fachada pro povo ver, morrer, nunca participar.
Eu não entendo política a fundo, mas sei lógica. Li que a empresa que realiza as obras das passarelas, Camter, não está qualificada para o empreendimento, e se está, só teoricamente, pois na prática parece uma incompetente com interesses escusos. Por sua vez, o material usado na edificação da usina de Jirau não provém de Rondônia, e sim de Minas Gerais, bem como grande parte da mão-de-obra utilizada, trazida de Mato Grosso. E quanto ao shopping, honestamente, após esse episódio, acredito que todos suspeitem de que ocorreu algum erro entre o prazo de entrega da obra e a multa pelo atraso.



Gosto de Porto Velho do tamanho que é, sem Mac Donalds nem viaduto pra mendigo morar em baixo. O progresso pelo qual a cidade urge é bem outro, não é nos tornarmos uma São Paulo da floresta. Precisamos sim, de saneamento básico; reformas decentes nas vias públicas tão deterioradas, que já são pedaços de rua em meio aos buracos; sistema público de saúde que dê condições HUMANAS aos que dele necessitam; educação, educação em demasia e qualidade (!) para que a população porto velhense deixe as jornadas escravizantes de trabalho em shopping com remunerações irrisórias, enquanto os serviços “valorizados” monetariamente permanecem com os de fora; e cultura, muita cultura na mente, para que o progresso seja encarado como uma obra consistente para TODOS nós.

3 expressões:

Anônimo disse...

Nossa, gostei mto do texto. Realmente o que vem acontecendo esses tempos nos faz questionar até que ponto esse "progresso" tem sido positivo(será que é positivo e algum ponto?
Confesso não ter nada contra o shopping, mas se refletimos sobre os reais progressos, nada vemos. Quando será que será dado condições melhores para a população?
pq pensando de uma forma bem consumista, para que o shopping funcione é necessário que a população gaste né?!Se ela não tem como chegar lá, nem com o que gastar, qual o propósito de o ter?!

ROVB disse...

muito boooa!
é a correria.. demoraram anos para "trazer" o progresso.. quando vem, vem desimbestado....
shopping é legal cara... o lance é vc saber se comportar no antro do capitalismo... sabe, não se influenciar.

Anônimo disse...

gostaria de publicar estetexto no meu blog. entre em contato comigo. profnazareno@hotmail.com adorei o texto e as imagnes também.

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